segunda-feira, 18 de março de 2013

Educação para após avanço dos anos 90.


 Escolaridade média, de 7,2, é a mesma desde 2010. Qualidade preocupa.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mostra um retrato desanimador da educação brasileira. Depois de um avanço significativo nos anos 90 e no início da década de 2000, a educação ficou parada. A média de anos de escolaridade foi de 7,2 anos em 2012 - mesmo nível desde 2010. Já a expectativa de anos de escolaridade se mantém em 14,2 anos desde 2000. Esses são os dados oficiais e que constam do relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Na revisão informal feita pelo órgão, no entanto, os anos esperados de escolaridade subiram de 14,2 anos para 15,7 anos, e a média de anos de escolaridade saltou de 7,2 anos para 7,4 anos, um quadro um pouco mais otimista.

- O Brasil teve um aumento muito forte da educação dos anos 90 até 2005. A cada cinco anos, conseguíamos aumentar um ano da média de escolaridade, o que é uma evolução satisfatória. Mas esse processo parece ter desacelerado fortemente - explica o professor do Insper Naércio Aquino Menezes Filho.

Um mercado de trabalho aquecido, que atrai quem deixou o Ensino Médio, a baixa qualidade da educação oferecida nas escolas públicas - que torna mais difícil a admissão em cursos universitários de melhor remuneração - e a visão de curto prazo do jovem são alguns dos fatores que contribuem para esta desaceleração, segundo o especialista.

Em 1990, o brasileiro tinha 3,8 anos de média de escolaridade, quase metade dos 7,2 anos de 2012. A expectativa de anos de escolaridade, por sua vez, passou de 12,2 anos para 14,2 anos, na mesma base de comparação.

RELATÓRIO ELOGIA FUNDEB

Mas a preocupação dos especialistas vai muito além dos dados do IDH já que a situação, argumentam, é ainda pior quando se debruça sobre a qualidade da educação. O Brasil ficou entre as últimas posições na mais recente Pisa, prova internacional feita pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 62 países. No quesito leitura, a posição brasileira é 49ª, mesmo lugar ocupado na prova de Ciências. Em matemática, o Brasil está em 53º lugar.

- A educação no Brasil não melhora, e com isso, o país também fica marcando passo. Entre os mais jovens, os anos de escolaridade têm aumentado, mas a qualidade continua ruim - diz Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos de Trabalho e Educação (Iets) e especialista em educação.

Para o professor da Faculdade de Economia da USP em Ribeirão Preto Daniel dos Santos, o desafio agora é melhorar a qualidade dos investimentos em educação, que talvez estejam sendo mal feitos:

- Os dados do recálculo informal são um pouco mais otimistas que os do relatório oficial para a educação. Mas a grande barreira hoje para os indicadores avançarem é que as crianças não chegam à escola com capacidade para aproveitar os investimentos. É preciso investir na fase da pré-escola.

Aos 17 anos, Jaqueline Maria da Silva é uma das muitas jovens que abandonou a escola. Ela deixou os estudos no sétimo ano do Ensino Fundamental para cuidar do filho de dois anos. Há dois meses, nasceu o segundo. Hoje, mora com o marido de 22 anos e as crianças em uma casa alugada de três cômodos e 14 metros quadrados, na comunidade do Coque, na Ilha de Joana Bezerra, na área central do Recife (PE).

- Eu sempre quis ser professora, mas acho que ainda dá tempo. Eu sou nova - sonha Jaqueline Maria.

O relatório do Pnud elogia o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), dos anos 90, como um dos mecanismos de transformação da educação no país, já que proporcionou a equalização dos financiamentos do setor nas diferentes regiões, estados e municípios brasileiros.

O financiamento, destaca o relatório, "seguiu os estudantes", dando incentivos significativos para que o sistema educacional aumentasse o número de matrículas.

"O Fundeb, criado em 1996, garantiu um gasto nacional mínimo por estudante na educação primária (Ensino Fundamental), aumentando os recursos para os estudantes do primário nos estados do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste, particularmente nas escolas municipais", diz o documento.

Fonte: O Globo - 15/03/2013 - http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/3/15/educacao-para-apos-avanco-dos-anos-90/?searchterm=educa%C3%A7%C3%A3o

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