terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mais crédito consignado a servidores públicos.

Em 12 meses, até junho, os servidores federais, estaduais e municipais contraíram R$ 128 bilhões em empréstimos consignados, 7,5 vezes mais do que o mesmo tipo de crédito a empregados de empresas privadas (R$ 17 bilhões) e quase o dobro dos obtidos por aposentados e pensionistas do INSS (R$ 63,3 bilhões), segundo o Banco Central (BC). São números espantosos. Os servidores são a parcela da população mais endividada.

Até certo ponto, é normal que o pessoal da administração direta, autarquias e estatais seja alvo preferencial dos bancos na oferta de crédito. Tem estabilidade no emprego e, em média, capacidade de pagamento superior à dos empregados da área privada. Os bancos podem lhes oferecer taxas mais baixas, notou Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, ouvido pelo Correio Braziliense. O custo do crédito é de 22,3% ao ano para os servidores e de 29,8% ao ano para trabalhadores do setor privado, o que se explica pelos privilégios do funcionalismo.

Se o empréstimo for para pagar outros débitos, como crédito especial ou cartões de crédito, a migração para o consignado é saudável para o tomador e para o banco.

Mas os bancos em geral pressionam os funcionários a contratar financiamentos acima das necessidades. Alguns com depósitos em poupança foram induzidos a manter a aplicação, enquanto tomam crédito para desconto em folha. Assim pagam mais juros do que recebem.

A concessão de créditos consignados é regulamentada: a prestação não pode superar 30% do contracheque do servidor, com prazo máximo de 60 meses. O que não impede os servidores de obter outros financiamentos, por exemplo, para a casa própria ou compra de carros. A agressividade de alguns bancos é facilitada pelo acesso às folhas de pagamento de diversos órgãos públicos e a informações cadastrais. José Dutra Vieira Sobrinho, vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, relata que foi procurado por três bancos com ofertas de crédito consignado. Estes conheciam o valor do benefício que Dutra recebe e quanto poderia ser contratado. Casos semelhantes sugerem que instituições financeiras têm olheiros em órgãos públicos ou na Previdência.

Mantidas as regras vigentes, o endividamento dos servidores deveria diminuir. Mas, ao contrário, em 12 meses houve expansão de 18,5% no crédito consignado a funcionários, mais que o dobro do aumento das operações bancárias a pessoas físicas (7,9%) no período.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,mais-credito-consignado--a-servidores-publicos-,1060383,0.htm

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