Lágrimas de uma professora em Juazeiro do Norte revelam a cultura do empobrecimento da educação no Brasil (Por Carla Jimenez)
A imagem de uma professora de Juazeiro do Norte chorando desconsoladamente correu o País nas últimas semanas como um rastilho de pólvora nas redes sociais. O pranto de Antônia Lucimeire Oliveira se justificava. A Câmara dos Vereadores do município cearense aprovou no último dia 7 a redução de 40% nos ganhos dos professores, em nome do corte de custos do município. A notícia chocou os brasileiros. Os mesmos vereadores haviam aprovado, um mês antes, 30 dias extras de recesso, que se somaram a outros 60, garantindo três meses de férias à custa do contribuinte – os vereadores ganham, em média, R$ 10 mil mensais, e em nenhum momento cogitaram diminuir seus proventos para ajudar a sanear as finanças da terra do Padre Cícero.
Episódios como esse, nos quais professores são tratados como profissionais de segunda linha, se tornaram rotina, diminuindo o respeito da sociedade pela categoria – tornaram-se frequentes, nos últimos tempos, agressões a professores praticadas por alunos. Esse desprestígio sistemático do professorado é uma aberração, num momento em que o Brasil vive uma séria crise de qualificação. Se o PIB tivesse crescido mais, aí sim, teríamos um apagão de mão de obra sem precedentes. Problema dos governos pela sua falta de competência em lidar com o assunto? Não. O caso dos professores de Juazeiro do Norte é um problema de todo o Brasil e de toda a classe empresarial.
Do País, porque a falta de atitude da sociedade sustenta a cultura de empobrecimento de gente que, na verdade, deveria estar sendo alçada a um status diferenciado. Qualquer país que queira progredir investe na formação de sua sociedade. Para os empresários, são duas as consequências do quadro atual. Ainda que estejam convivendo com um momento pibinho da economia, eles não escondem uma forte inquietação com o que o futuro lhes reserva. As concessões de infraestrutura vão engrenar, multiplicando a necessidade de contratar mão de obra. Onde vão encontrar candidatos, se o sistema educacional esgotou sua capacidade de qualificar pessoas? A segunda consequência: sem opção, as empresas reduziram o nível de exigência educacional dos candidatos às vagas disponíveis.
E essa realidade se reflete na queda da qualidade dos serviços e dos produtos. Novos tempos, novos desafios. Acostumados com uma economia cambaleante por tantas décadas, os brasileiros parecem viver uma crise de identidade. Somos uma nação à beira do fracasso ou do sucesso? Cada um faz a sua leitura, mas não há dúvidas de que a mais estimulante é a segunda. E certamente um projeto mais interessante para aderir. Pobreza não faz bem a ninguém, seja ela de ideias, de PIB ou de expectativas. Para cruzar essa fronteira, entretanto, é preciso assumir também outra postura enquanto sociedade.
Não ficar isento do debate sobre educação, mas cobrar do poder público e dos representantes eleitos pelo povo mais atitude diante de questões fundamentais como educação. Hoje, o governo quer pressionar o Congresso a aprovar uma lei que garanta 100% dos royalties de petróleo do pré-sal para a educação. E isso só será possível se houver pressão. De outra maneira, uma hora a corda arrebenta. Os vereadores de Juazeiro do Norte, por exemplo, estão provando do seu veneno. Na semana passada, tiveram de sair literalmente em fuga diante de furiosos professores que os chamavam de "ladrões" na porta da Câmara da cidade. Para muitos deles, "adeus, reeleição".
Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/6/17/o-choro-da-professora-e-problema-seu/?searchterm=educa%C3%A7%C3%A3o
A imagem de uma professora de Juazeiro do Norte chorando desconsoladamente correu o País nas últimas semanas como um rastilho de pólvora nas redes sociais. O pranto de Antônia Lucimeire Oliveira se justificava. A Câmara dos Vereadores do município cearense aprovou no último dia 7 a redução de 40% nos ganhos dos professores, em nome do corte de custos do município. A notícia chocou os brasileiros. Os mesmos vereadores haviam aprovado, um mês antes, 30 dias extras de recesso, que se somaram a outros 60, garantindo três meses de férias à custa do contribuinte – os vereadores ganham, em média, R$ 10 mil mensais, e em nenhum momento cogitaram diminuir seus proventos para ajudar a sanear as finanças da terra do Padre Cícero.
Episódios como esse, nos quais professores são tratados como profissionais de segunda linha, se tornaram rotina, diminuindo o respeito da sociedade pela categoria – tornaram-se frequentes, nos últimos tempos, agressões a professores praticadas por alunos. Esse desprestígio sistemático do professorado é uma aberração, num momento em que o Brasil vive uma séria crise de qualificação. Se o PIB tivesse crescido mais, aí sim, teríamos um apagão de mão de obra sem precedentes. Problema dos governos pela sua falta de competência em lidar com o assunto? Não. O caso dos professores de Juazeiro do Norte é um problema de todo o Brasil e de toda a classe empresarial.
Do País, porque a falta de atitude da sociedade sustenta a cultura de empobrecimento de gente que, na verdade, deveria estar sendo alçada a um status diferenciado. Qualquer país que queira progredir investe na formação de sua sociedade. Para os empresários, são duas as consequências do quadro atual. Ainda que estejam convivendo com um momento pibinho da economia, eles não escondem uma forte inquietação com o que o futuro lhes reserva. As concessões de infraestrutura vão engrenar, multiplicando a necessidade de contratar mão de obra. Onde vão encontrar candidatos, se o sistema educacional esgotou sua capacidade de qualificar pessoas? A segunda consequência: sem opção, as empresas reduziram o nível de exigência educacional dos candidatos às vagas disponíveis.
E essa realidade se reflete na queda da qualidade dos serviços e dos produtos. Novos tempos, novos desafios. Acostumados com uma economia cambaleante por tantas décadas, os brasileiros parecem viver uma crise de identidade. Somos uma nação à beira do fracasso ou do sucesso? Cada um faz a sua leitura, mas não há dúvidas de que a mais estimulante é a segunda. E certamente um projeto mais interessante para aderir. Pobreza não faz bem a ninguém, seja ela de ideias, de PIB ou de expectativas. Para cruzar essa fronteira, entretanto, é preciso assumir também outra postura enquanto sociedade.
Não ficar isento do debate sobre educação, mas cobrar do poder público e dos representantes eleitos pelo povo mais atitude diante de questões fundamentais como educação. Hoje, o governo quer pressionar o Congresso a aprovar uma lei que garanta 100% dos royalties de petróleo do pré-sal para a educação. E isso só será possível se houver pressão. De outra maneira, uma hora a corda arrebenta. Os vereadores de Juazeiro do Norte, por exemplo, estão provando do seu veneno. Na semana passada, tiveram de sair literalmente em fuga diante de furiosos professores que os chamavam de "ladrões" na porta da Câmara da cidade. Para muitos deles, "adeus, reeleição".
Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/6/17/o-choro-da-professora-e-problema-seu/?searchterm=educa%C3%A7%C3%A3o
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