terça-feira, 22 de outubro de 2013

O que o Enade não nos ensina.

O governo federal comemorou os resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) divulgados na semana passada. "Houve um avanço em direção à qualidade", afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. O exame avalia os alunos de alguns cursos superiores, como administração, Direito e psicologia. Mas o sistema de avaliação da educação superior brasileira ainda precisa melhorar muito para medir a real qualidade do ensino. Como está, ele não revela os melhores e os piores cursos - nem quanto eles melhoraram ao longo do tempo. Tampouco permite comparações com o nível de qualidade internacional. O sistema usado pelo Enade, que avalia estudantes e o conjunto de professores das escolas, tem duas fragilidades principais.

A primeira está na leitura das notas. Na edição mais recente, dos 7.228 cursos avaliados, 30% tiraram notas 1 e 2; 44%, nota 3; e 24%, notas 4 e 5 (2% ficaram sem nota). A escala vai de 1 a 5, e o MEC estabeleceu que 3 é a média. Passa-se a ideia de que os cursos que tiraram menos de 3 são ruins e os que tiraram mais, bons. Isso é falso. As notas são relativas. A metodologia consiste em pegar os resultados e dividi-los em três blocos. Sempre haverá cursos com nota abaixo de 3. Quem fica abaixo dessa média não é necessariamente ruim, apenas inferior a outro avaliado. Quem fica acima não é necessariamente bom, apenas melhor que outro avaliado.

A segunda fragilidade está na avaliação do quadro de professores. Ela complementa a nota do Enade no sistema geral de avaliação. Para o MEC, uma faculdade com mais mestres e doutores em seu quadro docente é melhor como se um título acadêmico garantisse a qualidade do profissional. Os títulos são uma referência, mas hoje se tornaram tão corriqueiros e fáceis de obter que perderam muito do seu valor. O critério deveria ser a qualidade do professor. Se o objetivo é buscar a excelência, deveríamos defini-la de modo mais preciso.

Mitos sobre o Bolsa Família

O Brasil, cerca de 80 milhões estão nas classes D e E. Sofrem com privações materiais ou com a ameaça delas. Deve-se sempre discutir como aplicar melhor os recursos públicos para combater esse problema. São descabidas, porém, algumas opiniões frequentes, em geral preconceituosas, sobre o Bolsa Família. Para dirimir as dúvidas, nada melhor que os fatos.

Um estudo publicado na semana passada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) afirma que o Bolsa Família respondeu por 28% da redução da pobreza extrema desde 2003. É incorreto, portanto, acreditar que ele foi uma panaceia contra a pobreza, como faz parecer a propaganda do governo. Mas o mesmo estudo revela que também é incorreto pensar que o Bolsa Família drena riqueza. Segundo a pesquisa, ele traz mais do que retira. Dá segurança econômica a famílias pobres e estimula consumo, produção e emprego. Cerca de 80% dos adultos beneficiados trabalham, e 12% das famílias cadastradas desde 2003 deixaram o programa ao atingir renda superior. No inferno do gasto público, certamente há demônios bem mais assustadores que o Bolsa Família.

Fonte:
Época - 21/10/2013 - https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/10/21/o-que-o-enade-nao-nos-ensina/?searchterm=educa%C3%A7%C3%A3o

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