As greves estão inseridas na ordem social e corporativa e, diante da despolitização da sociedade, estão crescendo devido a uma conjuntura muito especial. Esta é a avaliação de Giovanni Alves, doutor em ciências sociais pela Unicamp e especialista em sindicalismo. Para Alves, greves como de bancários e metalúrgicos "já fazem parte da lógica corporativa cotidiana", diferente do que ocorria até o início dos anos 90, quando as greves eram o "auge dos sindicatos, órgãos de grande influência política", diz.
"Quem tem influência política hoje? As igrejas evangélicas, que crescem rapidamente desde a década passada. Na falta de uma politização do Estado e dos sindicatos, as pessoas procuram respostas em Jesus. O momento está muito favorável para o sindicalismo que negocia com as empresas, e péssimo para o sindicalismo político", diz Alves, para quem o setor público será o "principal foco" de greves a partir de 2011.
Para o pesquisador, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acaba em dois meses, "ampliou a despolitização, mas ao menos foi um excelente canal para o sindicalismo". Tanto a candidata do governo, Dilma Rousseff (PT), quanto o da oposição José Serra (PSDB), promoverão apertos nos gastos públicos, avalia Alves, o que pode gerar conflitos com o funcionalismo. "Com Serra, no entanto, esses conflitos serão ainda maiores, basta ver a forma como tratou as reivindicações de policiais e professores quando governador do Estado de São Paulo", afirma Alves, para quem as greves, de forma geral, tendem a aumentar conforme o crescimento acelera, tornando hegemônica a reivindicação por maiores salários.
Fonte: Valor Econômico - 18/10/2010 - http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/18/funcionalismo-deve-parar-mais-em-2011
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